Na sociedade em que vivemos, tão competitiva, parece inimaginável que alguém, por livre e espontânea vontade, decida abrir mão de uma posição profissional com visibilidade e imponência. Mas, de repente, por escolha própria, a pessoa decide deixar de ter tanto poder, ter um belo pacote de remuneração e ainda contar com um time imenso de pessoas prontas para atuar em alta performance, da para imaginar isso? A resposta que vem, de imediato, à cabeça da maioria das pessoas é um velho clichê: “O que aconteceu? Algo deu errado?!”
Em geral, nossa tendência é acreditar no pior. Para sair daquele emprego maravilhoso, é porque a pessoa se deu mal, está doente ou, simplesmente ficou maluca. É tão difícil imaginar, que esse processo de mudança tenha sido gerado voluntariamente que alguns se empenham na condenação sumária: “Como alguém, em sã consciência, pode querer deixar uma posição daquelas tão importante e relevante, com tanto poder e influência? Loucura!”
De fato, é raro que as pessoas busquem uma resposta mais simples: “Alguém que, conscientemente, abdica de poder, dinheiro e status, só pode estar seguindo seu coração”. E aí, sim, não restarão mais dúvidas: isso tem tudo a ver com um propósito maior. Ter um propósito é tão poderoso, que faz você mudar porque quer. A pessoa muda de cidade, de emprego e até mesmo os próprios objetivos de vida. Aquelas metas, que foram tão importantes no passado, ficam superadas. Agora já é viável seguir na direção de um propósito maior e construir um futuro melhor. Novo objetivo? Ser mais feliz e contribuir de forma relevante com as pessoas.
Não é incomum que as pessoas consigam identificar seu propósito, o que é difícil é encontrar coragem para dar o mergulho na direção dele. E que fique claro: essa falta de coragem, muitas vezes, é apenas a consciência prévia das dores causadas pelas mudanças. Isso é inegável. A dor da mudança começa no estômago, sobe para a cabeça e chega ao peito. É como acreditar que você está prestes a ter um ataque cardíaco, enquanto borboletas voam na sua barriga. O mal-estar é geral. De vez em quando, o desconforto causado por essas dores é tão grande, que leva ao silêncio e a profundas reflexões sobre a possibilidade de abortar a missão. Essa sensação estranha nos devolve ao mundo da inércia nos impondo o conformismo e a submissão ao inaceitável. Essas dores todas estão numa única patologia corporativa e social, o medo de mudar, que, normalmente, é maior e mais forte do que a decisão racional de seguir o próprio propósito de vida.
Felizmente, já existe um remédio muito eficiente para curar o medo de mudar, cujo principal efeito é nos tirar da zona de conforto. É o plano B. A energia liberada no organismo por um sólido e testado plano B resgata a autoestima, aumenta muito a coragem e, por fim, oferece a tão sonhada liberdade para agir. Quando seu propósito de vida fundamenta o Plano B, as dores de mudar se tornam suportáveis.
Portanto, não sei qual é sua trajetória, se atua como empreendedor ou se está no mundo corporativo, mas acredite, sempre será vantajoso tomar a decisão consciente de mudar. Só quando segue seu propósito é que você turbina as chances de criar momentos para exercitar sua felicidade todos os dias, de forma simples e natural. Quando a dor da mudança passar, você vai ficar impressionado como vale muito a pena revolucionar a sua vida: basta acreditar em você mesmo e começar já seu plano B.
Se para você, tudo já está bem organizado, as dores já são controláveis e assim já é perceptível os resultados do circulo virtuoso, combinando a sua felicidade com a de outras pessoas, nas organizações e na vida, e o lucro, não apenas financeiro já é tangível e gera mutuamente vantagens. Aquilo que doía antes agora empolga e faz acreditar que sim, você também pode. Sua maior vantagem competitiva é ser mais feliz apenas pelo exercício diário de um simples e eloquente propósito.
Artigo publicado originalmente no aplicativo da Revista Você S/A em 22/09/17.
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