Centralizador, individualista, imediatista, inerte ou egoísta? Será que você é um líder desse tipo? Se for, está se enquadrando no que eu chamo de chefe. E, cuidado, seu emprego pode estar correndo perigo por causa disso. Mas, caso esteja em dúvida e não tenha certeza de que esse é o seu perfil, tenha mais cuidado ainda. Você pode estar vivendo um tremendo círculo vicioso, tão profundo que nem percebe. Esta cegueira pode ser prejudicial para sua vida, pois além de colocar em risco o seu emprego, está colocando em risco também a sua felicidade.
Estou dizendo isso porque, há algum tempo, os líderes mais bem-sucedidos apresentam características diferentes das dos chefes tradicionais: são agregadores, energizantes, desenvolvem pessoas, inspiram, desafiam. Por conta de tudo isso, eles também são mais felizes. Esse tipo de líder encontrou um propósito maior em sua jornada como, por exemplo, desenvolver pessoas para que ele não precise ser a única estrela brilhante. Se você é assim, está entre os que eu chamo de facilitadores. Parabéns e cuidado: você corre o risco de ser promovido.
Mantenha-se firme. Não volte para a zona de conforto e também não pense em se acomodar de jeito nenhum. Os julgamentos serão frequentes, mas não se importe, mantenha-se dedicado ao seu propósito. Não se trata de ser paternalista, permissivo ou omisso. Esses líderes são verdadeiros conectores entre a razão de ser de uma empresa e a causa e o propósito das pessoas que giram em torno da companhia (sejam os colaboradores, os clientes ou a sociedade). O facilitador consegue controlar o próprio ego e, com raro nível de consciência, faz bem ao todo. Ele não precisa estar no topo da pirâmide para se sentir bem consigo mesmo e/ou no ambiente onde vive.
O desafio para os facilitadores é se tornar o líder da nova liderança. Esse gestor tira de cena o modelo piramidal hierárquico e abre espaço para redes integradas, conectadas, colaborativas. A busca, nesse caso, não é por um sucesso pontual, mas pela construção de resultados em conjunto. Não há mais espaço para o top-down e para o “manda quem pode e obedece quem tem juízo”.
E sabe o que é mais surpreendente da nova liderança? É que se costuma atingir, com solidez, patamares nunca vistos nos indicadores estratégicos. Tudo isso por meio de ciclos virtuosos nos quais todos acreditam, praticam, melhoram e compartilham – simplesmente porque querem. Os resultados são multiplicados e oferecem uma nova perspectiva aos modelos tradicionais, enxugando as estruturas de comando e controle, gerando a viabilidade real ao ambiente próspero e competitivo, produtivo e engajado por opção.
Você deve estar se perguntando: como seria possível tanta vantagem partindo apenas de um novo fenômeno na liderança? Realmente, não podemos ficar limitados a isso. Deve-se também cultivar, na base dessas lideranças, o que chamo de critérios viabilizadores, ou seja, formas organizadas para que tudo e todos ajam com coerência. Basta que os critérios sejam participativos, transparentes, imparciais, públicos, inclusivos e que ocorram no ritmo e na dinâmica atual da sociedade.
Isso seria um bom começo para nascer uma bela safra de líderes da nova liderança. Não precisa nem cuidar dessa plantação com esmero, basta apenas não pisotear. Está esperando o quê? Vai continuar se sentindo num pedestal, centralizando tudo e correndo o risco de ser infeliz ou vai transformar suas possibilidades e tornar-se um líder da nova liderança e ocupar um espaço realmente relevante essa rede integrada e colaborativa em favor do todo?
Artigo publicado originalmente no aplicativo da Revista Você S/A em 24/11/17.
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