As empresas são uma fonte contínua de inovação, criando e comercializando produtos e serviços incríveis para atender necessidades, aumentar o bem-estar das pessoas e agregar valor. Mas, quando aprofundamos o foco sobre a relação entre as empresas e seus colaboradores, o que ainda costumamos ver é lamentável.
Nos últimos anos, evoluímos demais tecnologicamente, mas, na área de gestão, em especial a de pessoas, parece até que o século 21 nem começou. Na maioria dos casos, as relações de trabalho são mantidas no velho esquema de mão de obra versus patrão e apresentam diferentes graus de patologia: desde o costumeiro autoritarismo até aquela terrível sensação diária de que o único lugar em que é possível ser feliz é… fora dali!
Algumas pessoas recebem salários até muito bons e, mesmo assim, sentem-se altamente infelizes. A principal questão que se coloca, porém, não é em relação à remuneração. A falta de confiança mútua causada por essa relação empobrecida deixa como pano de fundo insatisfações, frustrações, desmotivação e, obviamente, baixa produtividade, além de ter o potencial de causar doenças físicas e psicológicas.
Para mim, esse modelo convencional e antiquado é uma forma inaceitável de violência que afeta, pelo menos, oito horas por dia da vida de quem trabalha nessas empresas. Não é só para os colaboradores, entretanto, que essas relações de trabalho patológicas causam malefícios.
Observo que empresários e executivos também sofrem as consequências nocivas desse modelo arcaico. Alguns ainda permanecem presos a modelos obsoletos e sofrem por apego ao poder hierárquico. Ao aprofundar a interação, porém, a maioria demonstra claramente uma preocupação real e justificada em relação à perspectiva dos negócios: a produtividade padece, a rentabilidade declina, os acionistas reclamam e o nível de ansiedade aumenta a cada reunião de apresentação de resultados aos investidores.
Não há quem durma em paz na liderança de um empreendimento com indicadores tão desanimadores. O círculo vicioso está instaurado – mas muitos não sabem ainda como rompê-lo!
Depois de investirem tanto tempo, estudo e esforço, agora têm a sensação de que o mundo em que escolheram viver não é o que sonhavam. Percebem que aquilo que era dado como certo agora já não parece fazer mais tanto sentido. Os padrões tradicionais estão ruindo. Não é raro ouvir um empresário dizer: “Abri mão de muita coisa importante na vida para conquistar esta posição e a realidade tem sido frustrante. Realmente, está cada vez mais difícil liderar.”
Já quando se referem especificamente à cultura organizacional e ao modelo ainda adotado para a gestão de pessoas, todos eles têm duas queixas em comum: a falta de engajamento verdadeiro das pessoas e a dificuldade para atrair e encantar novos talentos. Isso é uma anomalia. A missão de atrair e engajar pessoas não deveria ser algo assim tão chato, maçante e, pior de tudo, tão ineficiente.
Por isso, é urgente a necessidade de iniciar um processo de mudança e adaptação da cultura organizacional a esse “novo mundo” que se abre diante de nossos olhos. Em vez de seguir pelos trilhos forjados a ferro e fogo por décadas de gestão tradicional, ou melhor, por décadas de mais do mesmo, vamos juntos iluminar novas trilhas por onde as pessoas queiram verdadeiramente seguir.
Existem muitos caminhos possíveis, mas o que decidi viver prioriza a concepção de propósitos convergentes entre pessoas e empresas, gerando participação efetiva e afetiva por opção, com alto nível de engajamento e compromisso.
Espero que essa reflexão lhe provoque atitudes e lhe impulsione a buscar novas trilhas!
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Artigo publicado originalmente no aplicativo da Revista Você S/A em 13/02/2019
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