O conselho de administração e o RH

Muitas pessoas me perguntam se a área de recursos humanos é de fato uma área estratégica ou não. Tento sempre argumentar expondo a enorme diferença que o RH fez em minha gestão como presidente de uma grande empresa.

Explico em detalhes como meu time de gestão de pessoas me ofereceu, com dedicação incondicional, seu talento e ampla visão de negócios, para criarmos conexões com milhares de pessoas, colocá-las em movimento, melhorar sua autoestima, desenvolvê-las e engajá-las a um propósito.

Acredito que este depoimento, mesmo sumarizado, esclarece o que penso sobre o RH e declara minha admiração a estes profissionais. Não há duvida que a área de recursos humanos é sim muito estratégica.

Após 30 anos na vida corporativa, os últimos 14 anos como diretor ou CEO, destaco algo novo para mim. Nos últimos 12 meses, tenho vivido intensamente minha “nova” carreira. Entre encontros com RH’s e presidentes de companhias de todos os tamanhos e setores, passei a frequentar também alguns conselhos. De administração, consultivos ou de famílias: todos, sem exceção, com executivos experientes, talentosos e muito determinados a construir valor para os acionistas, aportando é claro a legítima sustentabilidade e perenidade aos negócios.

O desafio dos conselhos sempre endereça questões de alta complexidade.

Nesta empreitada incrivelmente exigente e muito empolgante, os conselheiros, cada vez mais, têm direcionado sua atenção para as pessoas. Elas sempre foram importantes nas organizações, mas, ultimamente, deixaram de ser apenas importantes e assumiram um papel fundamental. No mundo dos millennials, integrar profissionais e propósitos passou a ser tão básico quando gerir o caixa.

Nesta nova dimensão, o RH assumiu também o merecido protagonismo e tem contribuído de forma relevante nesta construção necessária.

Com muita frequência, nós conselheiros interagimos com esse time, seja nos comitês de pessoas ou por meio de conversas organizadas e estruturantes sobre carreira, desenvolvimento, estratégias de remuneração, o encantamento que sucede a retenção, enfim, o papo sobre nossa gente ocupa uma parte expressiva do tempo das reuniões. Chega a dar orgulho, parece que o mundo que carecia deste conhecimento finalmente o encontrou e, agora, ele se tornou necessário, mas não enfadonho, pelo contrário, é estratégico e revigorante.

Ver o RH em fóruns e com tamanho prestígio é um prazer. As práticas e critérios que vão pavimentar a relação pessoa e empresa vão passar a nascer com mais fluidez e naturalidade, as diretrizes da mais alta cúpula das empresas nascerão de modo a conectar todos os cargos, interesses e necessidades num turbilhão genuíno de engajamento.

Se até pouco tempo os melhores CEO’s eram os vindos das áreas financeira, comercial ou de operações, ouso dizer que teremos muitos do RH. A esses profissionais, recomendo que comemorem, pois é a sua vez de iluminar o caminho. Por isso, preparem-se, aprendam e continuem protagonizando como nunca.

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Artigo publicado originalmente no aplicativo da Revista Você S/A em 12/09/18.



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