O medo da demissão

Já parou para pensar em tudo o que você fez na vida para não ser demitido? Seguir por caminhos em que você não acredita, lutar para atingir metas esdrúxulas, baixar a cabeça e aceitar determinações autoritárias de chefes idiotas. Ou, ainda pior, fazer horas extras só para não parecer desmotivado, ir aos eventos da firma para bancar o amiguinho do chefe, cancelar suas férias para mostrar comprometimento. Enfim, destruir você mesmo aos poucos.

Aceitar que isso tudo é normal e que a vida profissional tem dessas coisas é completamente inadmissível! Eu também já me deparei com esse mesmo medo e, por muitos anos, convivi com isso como se fosse um mal incurável.

Como sempre fiz em minha vida, aproveito minhas férias em família para relaxar, curtir, mas também para evoluir. E, numa ocasião dessas, organizei detalhadamente meu plano de como faria para me livrar desse medo ou, no mínimo, atenuá-lo. Com a cabeça fresca, dá para pensar mais profundamente, sem o stress do dia a dia – com os pés descalços, isso é possível.

Pensei, então, em caminhos para iniciar o enfrentamento. E cheguei a duas trilhas básicas:

TER UM PLANO B

Percebi que, muitas vezes, eu me colocava na posição de submissão total, inferiorizado e coadjuvante, porque, caso algo em minha abordagem, estratégia ou simples atitude desse errado, não teria outra opção imediata ou caminho a seguir. Assim, iniciava automaticamente o módulo de sofrimento por antecipação, imaginando como seriam duros os reflexos de minha derrota em minha família e em nosso futuro. Nem tentava ser protagonista, pois cumprir meu reles papel era o mais seguro que conseguia conceber para o momento. Nesse caso, a força do plano B seria crucial, pois me daria coragem para tentar, reagir, enfrentar aquela realidade cruel.

Com o aperfeiçoamento da construção de meu caminho alternativo de vida, percebi que apenas uma opção extra não bastaria. Então, cheguei até o plano E. Esse hábito de pensar em alternativas me exercitou tanto que consegui construir cenários muito bons, e ao menos dois deles foram factíveis.

Se você puder desenvolver esse modelo mental complementar, tente também conectar esses planos com o item 2, que vou destacar a seguir. Isso pode fortalecer suas opções!

CONVERGIR PROPÓSITOS

Busque uma empresa ou atribuição que lhe permita convergir propósitos, porque a paixão e o amor são mais fortes que o medo! Existe uma metáfora que exemplifica bem esse poder: “dançar como se não houvesse ninguém olhando”. Quando se faz o que gosta, priorizando o que tem sentido para você, tudo fica mais fácil, mesmo o que poderia ser bem difícil.

Essa é a potência do propósito, que lhe entrega a motivação para seguir adiante. Sim, já existem muitas empresas e projetos que lhe permitem levar também, além de seus esforços, seus sonhos e pretensões. Sei que essas oportunidades convergentes ainda não são tão numerosas, mas vale a busca. Caso seja complicado encontrar esse lugar incrível, conecte com o item 1 e crie seu próprio espaço, em forma de plano B, C…

Existem várias outras formas, atitudes e caminhos, mas, se conseguir usar ao menos um desses dois, estou certo de que sua vida pode mudar muito, e o medo da demissão poderá deixar de assombrar você. Com isso resolvido ou ao menos controlado, fica mais fácil ser feliz.

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Artigo publicado originalmente no aplicativo da Revista Você S/A em 02/04/2019



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