Sim, nós podemos!

 

Como nunca, a lucidez parece estar sendo ampliada em nossa sociedade. Preconceito racial, abuso sexual, homofobia, violência contra mulheres, milhares de refugiados pelo mundo passando a ser notícia. Tais situações terríveis e lamentáveis enfim impuseram um início ao debate necessário pelo mundo todo sobre problemas históricos.

A adesão aos protestos, atitudes de empresas que tomaram medidas contra racistas e baniram abusadores, somadas aos julgamentos históricos de criminosos, nos mostram que, sim, finalmente estamos saindo da inércia.

A corrupção de políticos e empresários no Brasil evidencia deformações na índole de pessoas influentes, formadores de opinião que deveriam dar o exemplo. Valores morais que pareciam estar ficando para trás são reforçados por novos protagonistas no poder – e alguns dos principais políticos e executivos brasileiros começaram a ser julgados e condenados.

A sociedade dá sinais de que vai empreender mudanças. O que era tolerado por medo, pressão ou outro motivo parece estar se ajustando. E isso me anima. Quando percebemos todo esse movimento a favor da inclusão, da justiça, da moral, da diversidade se iniciando, é possível sonhar com uma nova realidade para todos. Essa nova realidade nos faz pensar: onde mais podemos estar atrasados? No que estamos presos e em que podemos melhorar?

Aproveito o momento de transição que vivemos para chamar a atenção para as relações entre as empresas e os trabalhadores. A falta de confiança e a sensação de que o único lugar onde se pode ser feliz é bem longe do trabalho vem empobrecendo esse diálogo fundamental entre um e outro. É por meio dele que nascem produtos e serviços incríveis, mas que deixam no pano de fundo insatisfações e frustrações, além de sérias doenças, físicas e, especialmente, emocionais.

Olhando profundamente para o mundo corporativo, para o qual dedicamos boa parte de nossa vida, algo de fato está mudando? Um mundo novo parece estar prestes a emergir, mas muitas empresas e seus executivos ainda parecem estar presos a modelos obsoletos e sofrem por seu ego. Mantêm a sensação de que tudo está muito bom e continuará sendo assim. Tratam o novo com desprezo ou apenas como mais um modismo, impedindo de forma consciente ou inconsciente que o novo chegue. Será que ainda falta dor para aceitarem que as pessoas são o elemento central que viabiliza definitivamente a prosperidade corporativa e mantém viva a alma das empresas?

Os novos caminhos que começam a ser percorridos pela sociedade trarão consigo mudanças para algo melhor, que são simples e acessíveis, fazendo com que as pessoas sejam mais respeitadas e incluídas. A prática do bem em favor da sociedade vai dar o suporte para esse processo. A grande satisfação virá em seguida, pois, quando pudermos compartilhar não apenas o quanto melhoramos, mas, sobretudo, o que fizemos para construir esse legado, teremos muito orgulho de termos vivido, lutado e vencido.

O mundo parece estar mudando de verdade. Para alguns, não é necessariamente por opção. Mas que bom que estamos finalmente evoluindo. Ainda há tempo para mudar pelo amor. Yes, we can!


Artigo publicado originalmente no aplicativo da Revista Você S/A em 12/03/18.

 



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