A nova Filosofia de Gestão

As empresas que ainda mantêm pendurados nas paredes quadros com a definição de missão, visão e valores, recomendo a atualização e, principalmente, a revisão do conteúdo desses conceitos corporativos. Não se trata de buscar atributos extrínsecos para valorizar a marca de produtos ou serviços. Não estou falando também de forçar a barra para “inventar” algo que não seja tangível, que, de fato, ainda não exista na cultura organizacional.

Para enriquecer o sentido da existência de uma empresa, eu sugiro construir de forma participativa o motivo para a ação conjunta, encontrar o propósito, a razão de ser do negócio, considerando, claro, os valores que são fundamentais nessa hora.

As pessoas – colaboradores, clientes, acionistas e demais partes interessadas – devem conseguir identificar que existe uma complementaridade entre elas mesmas e aquela organização. O objetivo é resgatar e conectar as pessoas com o que mais combina com os valores da vida delas, porque nós só somos capazes de ser espontâneos e voluntários em favor daquilo que acreditamos e que realmente faz sentido para nós.

Infelizmente, porém, essa questão ainda não está bem resolvida pela maioria das empresas: na real, o trabalho diário mais parece uma luta pela sobrevivência na floresta corporativa, cheia de vazios. Às vezes, apesar dos desânimos momentâneos, a pessoa até consegue ter o seu próprio propósito e se agarra nele, como se fosse a um cipó. E, de cipó em cipó, vai superando os obstáculos até que chega à empresa para trabalhar e o que encontra lá é só uma árvore fixa.

É lamentável, mas o que a gente vê costuma ser realmente fora do eixo que deveria estar. Uma vez, alguém me disse assim: “Ainda bem que minha família é maravilhosa. As pessoas que eu amo me dão muita força, e isso é o que me ajuda a suportar o dia a dia no trabalho”.

Essa pessoa levanta da cama todos os dias e encara o trabalho só por disciplina, efetividade e obrigação. Até hoje, ainda não ouvi algo como: “Minha empresa é tão legal, encantadora e conectada com meus valores que, quando chego em casa, consigo ter energia e disposição para viver plenamente a relação com minha família”.

Filosofia de Gestão Estratégica de pessoas

A proposta da filosofia de gestão estratégica de pessoas é, justamente, ajudar a tornar real esse equilíbrio: a empresa se torna capaz de oferecer um ambiente tão verdadeiramente próspero, participativo, integrado e inclusivo, que consegue criar um engajamento natural. Colaboradores são mais produtivos e eficientes e, por isso, quando voltam para casa, ainda têm muita energia para lidar com suas questões familiares. O colaborador é, no fim do dia, o cliente que você paga para viver seu propósito – se ele não está engajado, imagine seu cliente.

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Artigo por Márcio Fernandes, publicado originalmente no aplicativo da Revista Você S/A em 18/01/2019



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